O mercado imobiliário brasileiro está com um desempenho muito bom. Tudo indica que a recuperação verificada em 2007 terá continuidade este ano.
Mas, o problema do subprime americano créditos concedidos pelo sistema financeiro, a famílias que sabidamente não podiam pagar vai comprometer esse prognóstico? Entendemos que não. Aqui, estamos iniciando o processo de expansão imobiliária após 20 anos de ritmo muito lento, em face das dificuldades que existiam para se obter financiamentos de imóveis.
No Brasil, o rigor na concessão de empréstimos é muito grande, e há muitas famílias com boa capacidade de pagamento, que ainda não foram atendidas.
Todavia, a dinâmica do setor faz surgir outro efeito, a ser controlado com cuidado: grande demanda por mão-de-obra e elevação de preços de materiais de construção acima dos índices de inflação. Esta situação é típica de momentos de aquecimento, em que sempre surgem movimentos semelhantes, os quais precisam ser enfrentados serenamente e com criatividade.
A questão da mão-de-obra poderá ser equacionada com a positiva proposta do governo federal de habilitação de novos profissionais, a partir do universo atendido pelo Bolsa-Família. É um caminho já sinalizado e esperamos que seja rapidamente viabilizado. Grande desafio será motivar os beneficiários a começar a trabalhar, desacostumados que estão muitos evitarão esta benéfica porta de saída do assistencialismo.
Já a questão do aumento dos materiais de construção vem demonstrar que neste tipo de situação é que surgem grandes oportunidades. Em todo o país, várias empresas construtoras e incorporadoras de pequeno e médio porte estão formando cooperativas de compra para obter preços menores.
O dólar atraente permite buscar insumos em países da Ásia (a China em especial) e da Europa Ocidental. Com a globalização, é perfeitamente possível exercer controles para evitar que os preços exorbitem. Além disso e a melhor notícia fornecedores nacionais competentes estão ajustando a capacidade de produção para se antecipar à demanda.
O desafio é obter um custo final para o imóvel compatível com o poder de compra do salário da população. O crédito imobiliário está e permanecerá abundante, mas a renda das famílias é um limitador insuperável.
Ressalte-se que este é o momento de se começar a oferecer habitação de interesse social à população de baixíssima renda, que precisa de subsídios e desoneração tributária específica. Muito deve ser feito nesse campo e não há o menor espaço para se pensar em elevação de custos de produção da moradia.
O cenário internacional inspira cuidados. Entretanto, o que deve mais preocupar os cidadãos é o aumento da inflação. Este é o único risco que o Brasil não pode correr.
Por essa razão, o Secovi-SP torna público seu integral apoio ao Banco Central em sua missão (e obrigação) de manter a inflação sob controle. Não há mercado imobiliário no mundo que consiga cumprir suas metas convivendo com inflação alta. O dragão inflacionário incinera a renda, os bens, e os sonhos da população. Mal parafraseando o professor Roberto Campos, os indesejados juros altos machucam o povo, mas a inflação mata.
O setor imobiliário estará sempre ao lado do Banco Central para que sejam adotadas as medidas emergenciais, de curto prazo, que se fizerem necessárias. É imperativo evitar a volta da inflação e garantir a continuidade da retomada de nossa economia.
*João Crestana - Presidente da Secovi-SP (Sindicato da Habitação).
Fonte: Jornal do Brasil
sexta-feira, 7 de novembro de 2008
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